A obesidade
infantil já foi abordada diversas vezes, mas nunca de maneira tão global. O
Fórum de Obesidade Infantil promovido pelo Conselho de representantes da Amrigs
reuniu médicos das áreas de pediatria, nutrologia e endocrinologia, psiquiatria
e neurologia para considerar todas as causas do problema, e suas consequências
na vida adulta.
Já está comprovado que o processo
arteroesclerótico – deposição de gordura nas artérias – começa na infância, e o
sedentarismo é o estilo de vida vigente. Dr. José
Carlos Henrique Duarte dos Santos lembra que por uma questão de segurança as
crianças ficam cada vez mais dentro de casa. “Existem várias formas de ficar
parado: TV, videogame. Não se pratica esportes”, diz o pediatra.
Estar em casa, geralmente sem os
pais, tem outra conequência: a liberdade para comer quando quiser. O também
pediatra, Dr. Rudimar Porto conta que o que mais escuta no consultório é que o
filho não come nada. “Na verdade a criança está sempre beliscando algo fora de
hora”, completa.
É na escola, porém, que o consumo é
mais desregrado. “As merendas escolares privilegiam os alimentos
industrializados e não uma horta escolar, que além de mais saudável proporciona
uma ligação com a natureza”, alerta Duarte dos Santos.
O neurologista, Dr. Renato Menezes
de Boer, traz outro ângulo da questão que é a qualidade do sono. A síndrome da apnéia
obstrutiva atrapalha o ciclo do sono por causar microdespertares. A diminuição
do sono provoca aumento da fome e menor crescimento da criança. Segundo o neurologista,
isto inicia um ciclo: obesidade é causa de apnéia que reduz o tempo de sono que
aumenta a fome levando a obesidade. Distúrbios
metabólicos, cognitivos e inflamatórios também podem estar ligados ao sono.
“Sempre que temos uma criança obesa no consultório devemos considerar a apnéia
do sono”, afirma de Boer.
Dr. Fernando
Egídio Batista Oliveira, psquiatra, enfatiza a necessidade de uma mudança de
comportamento. Crianças aprendem por exemplo, observando os pais. Ele e o
neurologista acreditam que seria preciso tratar os pais para que ensinem aos
filhos a comerem bem.
O
aleitamento e a atual conjuntura familiar em que os pais passam mais tempo fora
de casa do que com os filhos também foram abordados. Dr. Oliveira diz que estes
pais acreditam que são ótimos pais, e estão sempre pensando no futuro do filho,
mas não se preocupam com a convivência. “Essas crianças já nascem abandonadas e
dali a pouco estão decidindo o que consomem”, conclui o psiquiatra.
Dr. Varo Duarte afirma que a
prevenção da obesidade começa antes ainda: na gestação. O nutrólogo e
endocrinologista confronta os valores absolutos que informam que produtos como a
gelatina tem mais proteína que o leite. Segundo o nutrólogo, a quantidade
absoluta de proteína não é igual a porcentagem que será absorvida pelo
intestino pois existem diferentes tipos de proteínas. A proteína do leite é de maior
absorção pois é uma proteína completa.
Durante
muito tempo foi dito que o leite em pó era melhor que o leite materno. Hoje
sabe-se que não é verdade. Segundo o nutrólogo, o leite materno é de extrema
importância durante os primeiros seis meses de vida pois é 100% absorvido. Dr.
Oliveira e Dr. Varo questionam a saúde da família como um todo. O primeiro
quanto a dinâmica familiar e o segundo quanto aos hábitos alimentares. O Fórum
permitiu ver que o problema da obesidade deve ser tratado considerando seus
vários aspectos, pois a causa raramente é uma só.
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