sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Prevenção de doenças começa na infância, conclui Fórum de Obesidade Infantil


A obesidade infantil já foi abordada diversas vezes, mas nunca de maneira tão global. O Fórum de Obesidade Infantil promovido pelo Conselho de representantes da Amrigs reuniu médicos das áreas de pediatria, nutrologia e endocrinologia, psiquiatria e neurologia para considerar todas as causas do problema, e suas consequências na vida adulta.

Já está comprovado que o processo arteroesclerótico – deposição de gordura nas artérias – começa na infância, e o sedentarismo é o estilo de vida vigente. Dr. José Carlos Henrique Duarte dos Santos lembra que por uma questão de segurança as crianças ficam cada vez mais dentro de casa. “Existem várias formas de ficar parado: TV, videogame. Não se pratica esportes”, diz o pediatra.

Estar em casa, geralmente sem os pais, tem outra conequência: a liberdade para comer quando quiser. O também pediatra, Dr. Rudimar Porto conta que o que mais escuta no consultório é que o filho não come nada. “Na verdade a criança está sempre beliscando algo fora de hora”, completa.

É na escola, porém, que o consumo é mais desregrado. “As merendas escolares privilegiam os alimentos industrializados e não uma horta escolar, que além de mais saudável proporciona uma ligação com a natureza”, alerta Duarte dos Santos.

O neurologista, Dr. Renato Menezes de Boer, traz outro ângulo da questão que é a qualidade do sono. A síndrome da apnéia obstrutiva atrapalha o ciclo do sono por causar microdespertares. A diminuição do sono provoca aumento da fome e menor crescimento da criança. Segundo o neurologista, isto inicia um ciclo: obesidade é causa de apnéia que reduz o tempo de sono que aumenta a fome levando a obesidade. Distúrbios metabólicos, cognitivos e inflamatórios também podem estar ligados ao sono. “Sempre que temos uma criança obesa no consultório devemos considerar a apnéia do sono”, afirma de Boer.

Dr. Fernando Egídio Batista Oliveira, psquiatra, enfatiza a necessidade de uma mudança de comportamento. Crianças aprendem por exemplo, observando os pais. Ele e o neurologista acreditam que seria preciso tratar os pais para que ensinem aos filhos a comerem bem.

O aleitamento e a atual conjuntura familiar em que os pais passam mais tempo fora de casa do que com os filhos também foram abordados. Dr. Oliveira diz que estes pais acreditam que são ótimos pais, e estão sempre pensando no futuro do filho, mas não se preocupam com a convivência. “Essas crianças já nascem abandonadas e dali a pouco estão decidindo o que consomem”, conclui o psiquiatra.

Dr. Varo Duarte afirma que a prevenção da obesidade começa antes ainda: na gestação. O nutrólogo e endocrinologista confronta os valores absolutos que informam que produtos como a gelatina tem mais proteína que o leite. Segundo o nutrólogo, a quantidade absoluta de proteína não é igual a porcentagem que será absorvida pelo intestino pois existem diferentes tipos de proteínas. A proteína do leite é de maior absorção pois é uma proteína completa.

Durante muito tempo foi dito que o leite em pó era melhor que o leite materno. Hoje sabe-se que não é verdade. Segundo o nutrólogo, o leite materno é de extrema importância durante os primeiros seis meses de vida pois é 100% absorvido. Dr. Oliveira e Dr. Varo questionam a saúde da família como um todo. O primeiro quanto a dinâmica familiar e o segundo quanto aos hábitos alimentares. O Fórum permitiu ver que o problema da obesidade deve ser tratado considerando seus vários aspectos, pois a causa raramente é uma só.

Para assistir clique aqui.

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