sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Artigo do Dr. Jorge Utaliz no Correio do Povo


ANO 116 Nº 341 - PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 6 DE SETEMBRO DE 2011

Mais saúde no Brasil

Jorge Utaliz

No dia 21 de setembro, médicos de todo o país participarão de um protesto contra os planos de saúde. Esta será a segunda vez neste ano que os médicos vão parar o atendimento de rotina aos seus clientes de planos de saúde para protestar contra as operadoras. Diferentemente da primeira paralisação, realizada em 7 de abril, a suspensão das consultas não valerá para os usuários de todos os planos de saúde. Desta vez, não serão atendidos os clientes das operadoras que não negociaram com os médicos ou apresentaram propostas consideradas insatisfatórias. A Comissão Estadual de Honorários Médicos vem tentando contato com todas as operadoras de planos de saúde para manter um diálogo salutar, de forma a não prejudicar ainda mais os usuários.

Na verdade, o caos que já está instalado na saúde pública pode se estender também à saúde suplementar. Há um foco bem evidente na área da saúde e que pode afetar de forma muito intensa a vida das pessoas. A Amrigs não pode desviar a sua atenção desse foco. As emergências estão superlotadas. Todos querem saber as causas e, por razões políticas, hesitam em apontar para o subfinanciamento da saúde pública, evidenciado pelo fechamento sucessivo de hospitais.

Não há outra razão para o fechamento do Lazzarotto, do Ipiranga, do Maia Filho, do Reumatologia, do Independência, do Vila Nova e de tantos outros no nosso Estado, senão a péssima remuneração da assistência médico-hospitalar e do descaso crônico das autoridades com a saúde da população.

Ao noticiarem a superlotação das emergências, não mencionam a falta desses hospitais, que atendiam tanto os usuários dos planos de saúde quanto do SUS. Se orientamos os nossos pacientes de que o melhor tratamento é a prevenção, como vamos alertar a população para o iminente caos que se instalará no atendimento aos usuários das OPS? O que estamos fazendo é preservar a qualidade da relação médico-paciente. O que queremos e precisamos é tempo para nos dedicar ao nosso paciente, estrutura adequada e uma assistência qualificada e sintonizada com o que de mais atual existe na ciência médica.

A baixa remuneração paga pelas operadoras de planos de saúde compromete de forma crônica e progressiva esse intento. Essa situação é que gerou a reação da categoria médica nacionalmente. A Amrigs, como uma das entidades representativas, tem que dizer prioritariamente o que deve ser dito e não o que a sociedade quer ouvir.

diretor de Relações Associativas e Culturais da Amrigs

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